BELGRADO, Sérvia (AP) – O promotor do crime organizado da Sérvia acusou na segunda-feira um ministro do governo e três outros de abuso de poder e falsificação de documentos para abrir caminho para um projeto imobiliário ligado a Jared Kushner, genro do presidente dos EUA, Donald Trump.
De acordo com um comunicado publicado no site oficial da Procuradoria do Crime Organizado, as acusações criminais propostas foram movidas contra o Ministro da Cultura, Nikola Selaković, um aliado próximo do presidente autocrático Aleksandar Vučić, e três outros funcionários.
A investigação centra-se na controvérsia em torno do complexo militar bombardeado no centro de Belgrado, que era uma zona de património cultural protegido, mas que agora enfrenta a reconstrução num complexo de luxo.
No ano passado, o governo sérvio assinou um contrato de arrendamento de 99 anos com a Affinity Global Development, ligada a Kushner, nos EUA. Kushner então confirmou relatos de que sua empresa planejava financiar o projeto de US$ 500 milhões. Incluiria um hotel de vários andares, um complexo de apartamentos de luxo, escritórios e lojas.
Selaković e outros supostamente aumentaram ilegalmente o status de conservação do local ao falsificar documentação.
Não ficou imediatamente claro quando a audiência poderia ser realizada.
A proposta de construir um hotel de vários andares, escritórios e lojas neste local tem o apoio do governo de Vucic, mas encontrou forte oposição de especialistas nacionais e estrangeiros, bem como da opinião pública sérvia.
Os legisladores sérvios aprovaram uma lei especial no mês passado que permitiu a construção, apesar de uma investigação em curso. Vučić disse que o projeto seria bom para as relações da Sérvia com os Estados Unidos e que perdoaria qualquer pessoa condenada no caso.
“Eu sou culpado”, disse ele recentemente. “Fui eu quem quis modernizar a Sérvia. Fui eu quem quis trazer um grande investidor.”
A administração dos EUA impôs tarifas de 35% sobre as importações da Sérvia. Também impôs sanções a um fornecedor monopolista de petróleo controlado pela Rússia para a Sérvia.
Os críticos dizem que o edifício é um monumento arquitectónico visto como um símbolo de resistência ao bombardeamento da NATO liderado pelos EUA, que ainda é amplamente visto no país dos Balcãs como uma “agressão” injusta.
Em 1999, a Sérvia foi bombardeada durante 78 dias para forçar o então presidente Slobodan Milošević a parar de reprimir os separatistas albaneses no Kosovo. O sentimento anti-OTAN continua forte na Sérvia e o papel dos Estados Unidos na modernização dos edifícios militares é particularmente sensível entre muitos sérvios.
Os edifícios são vistos como os melhores exemplos da arquitetura de meados do século XX na antiga Iugoslávia.





