Cena da cadeira em “Oppenheimer” gera polêmica e censura em alguns países

O filme Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan e estrelado por Cillian Murphy, tem sido alvo de controvérsias desde sua estreia. Inspirado na vida do físico J. Robert Oppenheimer e no desenvolvimento da bomba atômica durante o Projeto Manhattan, a produção ganhou destaque não só por sua narrativa intensa, mas também por cenas consideradas provocativas — em especial, uma sequência conhecida como “a cena da cadeira”.

Essa cena, que causou reações negativas em países como a Índia e algumas regiões do Oriente Médio, mostra o personagem de Florence Pugh, Jean Tatlock, completamente nua em uma poltrona enquanto conversa com Oppenheimer, também nu. Em certas versões exibidas nos cinemas dessas regiões, Tatlock aparece vestida com uma roupa preta inserida digitalmente via CGI, como forma de contornar normas locais de censura.

Tatlock, que na vida real era psiquiatra, militante do Partido Comunista e amante de Oppenheimer, aparece na cena como parte de um flashback durante um interrogatório conduzido pela Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos. A cena ocorre na presença da esposa do cientista, Kitty Oppenheimer, e logo depois, Tatlock é mostrada sentada no colo do físico, ainda despida, dentro da própria sala de interrogatório. Essa representação é interpretada como uma metáfora visual da traição, sob a perspectiva emocional de Kitty, evidenciando a tensão pessoal e política do protagonista.

No entanto, o aspecto mais sensível da sequência é a sugestão de que Oppenheimer tinha vínculos com o Partido Comunista, o que era uma questão delicada nos Estados Unidos da década de 1940. A relação amorosa com Tatlock, que era uma militante ativa, levanta dúvidas sobre o nível de envolvimento político do cientista, algo que também foi explorado na investigação real que levou à perda de sua autorização de segurança.

Além da cena da cadeira, outra passagem do filme também gerou indignação. Trata-se da primeira cena de sexo entre os dois personagens, na qual Oppenheimer recita um trecho do Bhagavad Gita, texto sagrado do hinduísmo, enquanto estão em ato sexual. Essa escolha artística foi amplamente criticada por representantes da comunidade hindu, que a consideraram desrespeitosa e ofensiva à sua fé.

Essas sequências renderam uma onda de críticas ao longa de Nolan, alimentando debates sobre liberdade artística, respeito cultural e os limites entre provocação e ofensa. Ainda assim, Oppenheimer segue em cartaz como um dos filmes mais comentados do ano, tanto por sua relevância histórica quanto pelas polêmicas que levanta.

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